segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Processo de desenvolvimento do blog

Confeccionamos esse Blog com objetivo de facilitar o acesso e a interação das pessoas com a leitura das obras de grandes mestres da literatura brasileira. Formando, a partir disso, grandes mentes pensantes com o poder de enxergar e entender questões expressadas pelo autor em seus livros.
  O desenvolvimento desse projeto foi de uma relevante importância, porque nos permitiu aprofundar o conhecimento de fatos relacionados ao cotidiano.

Biografia do autor





Jorge Amado, jornalista, romancista e memorialista, nasceu na Fazenda Auricídia, em Ferradas, Itabuna, BA. Eleito em 6 de abril de 1961 para a Cadeira n. 23, na sucessão de Otávio Mangabeira, foi recebido em 17 de julho de 1961 pelo acadêmico R. Magalhães Júnior.


Filho do Cel. João Amado de Faria e de D. Eulália Leal Amado. Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância e aprendeu as primeiras letras. Cursou o secundário no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador — cidade que costuma chamar Bahia — onde viveu, livre e misturado com o povo, os anos da adolescência, tomando conhecimento da vida popular que iria marcar fundamentalmente sua obra de romancista. Fez os estudos universitários no Rio de Janeiro, na Faculdade de Direito, pela qual é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais (1935), não tendo, no entanto, jamais exercido a advocacia.
Aos 14 anos, na Bahia, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que, juntamente com os do "Arco & Flecha" e do "Samba", desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Comandados por Pinheiro Viegas.


Em 1945, foi eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo, tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 (pelo Partido Comunista Brasileiro) e da primeira Câmara Federal após o Estado Novo, sendo responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. Viajou pelo mundo todo. Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941-42), em Paris (1948-50) e em Praga (1951-52).
Foi casado com Zélia Gattai, tem dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças para teatro infantil, e Paloma, psicóloga, casada com o arquiteto Pedro Costa. É irmão do médico neuropediatra Joelson Amado e do escritor James Amado.Faleceu no dia 06 de agosto de 2001 em Salvador, Bahia.

Resumo da obra

Capitães da Areia. Este livro retrata a história de um grupo de crianças órfãs, que vivia nas ruas da cidade da Bahia. Eram um grupo de meninos, conhecidos por todos como os capitães da areia viviam num trapiche abandonado, perto da praia e ocupavam os seus dias a tentar arranjar o que comer ou o que vestir, tendo muitas vezes que roubar para o conseguir. A maioria dos habitantes da cidade rejeitava-os e desprezáva-os, devido à sua fama de ladrões e rapazes conflituosos. Contudo e apesar de por vezes terem determinadas atitudes, estes rapazes eram simples crianças, meninos, que por circunstâncias da vida foram obrigados a viver sozinhos, a saber que só poderiam contar com eles próprios para sobreviver. Muitas vezes as suas atitudes eram justificadas pela carência de amor e afecto que tinham, uns porque tinham sido abandonados pelas mães, outros porque nunca as tinham conhecido. No entanto, nenhum deles desejava ir para um orfanato, pois sabiam o valor da palavra liberdade, e não a trocavam por nada.Ao longo do livro vão sendo retratados vários episódios e peripécias da vida destas crianças, e apesar de todos eles viverem em condições tão precárias, todos eram motivados por um sonho que gostariam de alcançar.Deste modo, ao longo da história, vamos sendo confrontados com realidades muito diferentes das nossas, e tomamos consciência de muitas coisas pelas quais estas crianças passam. Crianças, que na maioria das situações agiam como verdadeiros homens, enfrentado os problemas e tendo consciência das penalizações que poderiam vir a sofrer. Capitães da Areia, um dos mais conhecidos romances de Jorge Amado, é um livro que apesar de ter mais de 50 anos, mostra-nos que pouco ou nada foi feito para melhorar a situação de pobreza e de crianças abandonadas que está presente nas ruas do Brazil, visto que hoje continua igual ou pior. Este livro, descreve a história de um grupo de meninos abandonados, sem conforto, que viviam de roubar, e moravam num Trapiche liderado por Pedro Bala, que era uma espécie de pai para todas as crianças. Ao longo do livro vão sendo contados alguns episódios passados por eles sempre sendo encarados como uma ameaça para a sociedade. Também são relatados sonhos que serão mais tarde concretizados. Deparamo-nos com a chegada de uma menina chamada Dora, ameio do livro, que vive uma história de amor com Pedro Bala. Dora era muito respeitada tornando-se uma irmã e também uma mãe para todos os meninos. Um livro maravilhoso que todos os jovens deveriam ler, para se aperceberem que existe uma realidade bem diferente da que as pessoas estão habituadas a viver

O ponto de vista do narrador

Jorge Amado é conhecido por ser um escritor que cria narradores que aderem às causas das personagens mais necessitadas, excluídas. Escolhendo essa forma de criar histórias, através de narradores que tomam partido pelos mais fracos, Jorge Amado, claramente, reflete os princípios ideológicos da esquerda, pois, conforme já afirmado anteriormente, na época em que escreveu o romance, o autor pertencia aos quadros do Partido Comunista. Dessa forma, o narrador, aqui, funciona como uma espécie de delegado do autor. 

Linguagem da Obra

A linguagem é coloquial , regional de discurso indireto.

Personagens principais

 Pedro Bala – líder dos Capitães da Areia, tem o cabelo loiro e uma cicatriz de navalha no rosto, fruto da luta em que venceu o antigo comandante do bando. Seu pai, conhecido como Loiro, era estivador e liderara uma greve no porto, onde foi assassinado por policiais. 

SEM-PERNAS – deficiente físico, possui uma perna coxa. Preso e humilhado por policiais bêbados, que o obrigaram a correr em volta de uma mesa na delegacia até cair extenuado, Sem-Pernas conserva as marcas psicológicas desse episódio, que provocou nele um ódio irrefreável contra tudo e todos, incluindo os próprios integrantes do bando. 

GATO – é o galã dos Capitães da Areia. Bem-vestido, domina a arte da jogatina, trapaceando, com seu baralho marcado, todos os que se aventuram numa partida contra ele. Além dos furtos e do jogo, Gato consegue dinheiro como cafetão de uma prostituta chamada Dalva. 

PROFESSOR – intelectual do grupo, deu início às leituras depois de um assalto em que roubara alguns livros. Além de entreter os garotos, narrando as aventuras que lê, o Professor ajuda decisivamente Pedro Bala, aconselhando- o no planejamento dos assaltos. 

PIRULITO – era o mais cruel do bando, até que, tocado pelos ensinamentos do padre José Pedro, converte-se à religião. Executa, com os demais, os roubos necessários à sobrevivência, sem jamais deixar de praticar a oração e sua fé em Deus. 

BOA-VIDA – o apelido traduz seu caráter indolente e sossegado. Contenta-se com pequenos furtos, o suficiente para contribuir para o bem-estar do grupo, e com algumas mulheres que não interessam mais ao Gato. 

JOÃO GRANDE – é respeitado pelo grupo em virtude de sua coragem e da grande estatura. Ajuda e protege os novatos do bando contra atos tiranos praticados pelos mais velhos. 

VOLTA SECA – admirador do cangaceiro Lampião, a quem chama de padrinho, sonha um dia participar de seu bando. 

DORA – seus pais morreram, vítimas da varíola, quando tinha apenas 13 anos. É encontrada com seu irmão mais novo, Zé Fuinha, pelo Professor e por João Grande. Ao chegar ao trapiche abandonado, onde os garotos dormem, Dora quase é violentada, mas, tendo sido protegida por João Grande, o grupo a aceita, primeiro como a mãe de que todos careciam, depois como a valente mulher de Pedro Bala. 




Personagens secundários

Dalva: que é a prostituta que tem um caso com Gato;
Don'Aninha: que é a macumbeira, que é uma espécie de mãe para os meninos do Trapiche;
Padre José Pedro:  era uma espécie de defensor dos meninos, que através de suas mensagens tentava acalmar o coração dos garotos;
João-de-Adão: era o grevista, que ajudou Pedro Bala à saber o que seu pai foi no passado;
Querido-de-Deus – grande capoeirista da Bahia, respeita o grupo liderado por Pedro Bala e é respeitado por ele. Ensina sua arte para alguns deles e exerce grande influência sobre os garotos.

Enredo

A obra possui um enredo não-linear.

  • Universal, pois retrata fatos que acontecem no mundo atual.
  • Atemporal, porque existe nos dias atuais.

Tempo

A obra apresenta tempo cronológico demarcado pelos dias, meses, anos e horas conforme exemplificam os fragmentos: "É aqui também que mora o chefe dos Capitães da Areia, Pedro Bala. Desde cedo foi chamado assim, desde seus 5 anos. Hoje tem 15 anos. Há dez anos que vagabundeia nas ruas da Bahia."

O tempo psicológico correspondente às lembranças e recordações constantes na narrativa.

A fala de Zé Fuinha (...) 
"Quando terminaram, o preto bateu as mãos uma na outra, falou:

- Teu irmão disse que a mãe de você morreu de bexiga...

- Papai também...

- Lá também morreu um...

- Teu pai?

- Não. Foi Almiro um do grupo."

Cenários

Na cidade da Bahia, destaca-se de maneira evidente o trapiche, onde moram as crianças. É nele que os meninos abandonados encontram abrigo contra as intempéries e contra os inimigos. Situado na areia, junto ao mar, constitui um espaço de ninguém, e o fato de ter servido no passado como armazém e agora como o lar dos meninos de rua serve para ilustrar um desvirtuamento de função e a condição de marginalidade das crianças. Isso porque ele, ao mesmo tempo, pertence e não pertence à cidade que parece querer evitar os desvalidos da sorte, condenando-os a viver num espaço semidestruído, abandonado, que serve de pousada para ratos e cães.

Pontos climax

O clímax da primeira parte do romance é dividido em três momentos. O primeiro dá-se quando os meninos se envolvem com um carrossel mambembe que chegou à cidade, deixando em evidência a verdadeira condição de cada um deles, isto é, toda a meninice que existia por detrás daquele embrutecimento causado pela miséria em que viviam: "Mas o carrossel girava com as crianças bem vestidas e aos poucos os olhos dos Capitães da Areia se voltaram para ele e estavam cheios de desejos de andar nos cavalos, de girar com as luzes. Eram crianças, sim - pensou o padre." (p. 73).
O segundo momento será quando a varíola ataca a cidade, matando um deles (Almiro): "E a varíola desceu para a cidade dos pobres e botou gente doente, botou negro cheio de chaga em cima da cama." (p. 133). Padre José Pedro tentando ajudá-los vai contra a lei e é chamado às falas pelo arcebispado. 

O terceiro momento é quando Dora chega no Trapiche, causando um grande impacto. Como primeira e única  menina à estar no meio deles, de primeiro momento eles queriam explora-la sexualmente, porém Professor e João Grande  sensibilizados com a história dela, tomam à frente e não deixam com que os meninos façam mal algum à ela, até que Pedro Bala chegue para resolver a situação. De primeiro momento Bala quer o mesmo que a maioria, mas volta atrás e a defende. E assim começa uma linda e triste história de amor.

Crítica Literária

O livro relata o desprezo das autoridades para com a pobreza, até a imprensa que deveria ser um órgão imparcial e transmissor de informações, posiciona-se mais para acusar, julgar os meninos do que para defendê-los como o Padre José Pedro e Don'Aninha, que mesmo com suas poucas condições ajudavam na forma do possível de compreendiam as necessidades das más atitudes dos meninos do Trapiche, pelo fato de não ter quem os amparassem.

Desfecho da obra





O narrador fecha o romance relatando o destino de cada membro do grupo. O primeiro a ir embora do trapiche é o Professor, que estudará pintura no Rio e se transformará num grande artista. Em seguida sai o Pirulito, que se torna frade capuchinho. Boa-Vida, por sua vez, escolhe a vida de malandro das ruas, Gato parte para Ilhéus e se torna vigarista e jogador profissional, Volta Seca integra-se ao grupo de Lampião, e Sem-Pernas morre em luta com a polícia. Para dar destaque ao destino das personagens, o narrador, no capítulo “Notícias de jornal”, utiliza-se de um expediente muito comum ao longo do livro: o relato indireto, por meio de notícias. Assim, acompanhamos a trajetória de Professor, Gato, Boa-Vida e Volta Seca.


 Do primeiro, sabemos que se tornou um pintor de sucesso, cuja principal característica é a de fazer da obra de arte uma representação da realidade que ele experimentou em vida.

Gato, Boa-Vida e Volta Seca, por sua vez, acabam se envolvendo com a polícia, como se Jorge Amado quisesse com isso acentuar a marginalização final de algumas personagens, que jamais conseguem se adaptar à vida em sociedade devido à falta de consciência. Volta Seca, por exemplo, escolhe o caminho da vingança, matando indiscriminadamente pelo sertão.
Diferentes são os destinos de João Grande e Pedro Bala. O primeiro torna-se marinheiro e embarca num navio. Já o segundo toma consciência das injustiças sociais, luta ao lado dos grevistas, transforma-se num “militante proletário” e passa a lutar contra as opressões, como se poderá verificar no capítulo que fecha o livro, “Uma pátria e uma família”.


Apesar da miséria dos meninos desamparados, da alienação de alguns deles, o romance termina positivamente, pois Jorge Amado irá concentrar em Pedro Bala toda sua crença na força do homem, em seu poder para modificar o destino, por meio da luta, por meio da ação. Assim, acaba por deixar clara a sua concepção de romance: um tipo de narrativa que se presta a desalienar e a conscientizar o homem, não só lhe chamando a atenção para as mazelas sociais, como também indicando-lhe o caminho da redenção.





CONCLUSÃO





A obra em análise mostra sua importância dentro do Modernismo e traça um paralelo com a realidade, pois mostra que temas considerados antigos ainda são importantes. Se contexto denuncia problemas sociais como a questão do menor abandonado e das diferenças de classes que geram: discriminação, marginalidade, prostituição, miséria, pobreza, abandono, infelicidade, entre outros, o que mostra a falta de posicionamento da sociedade no que tange à busca de uma solução para questões tão presentes, ainda hoje,em nosso meio.




Anexos


NOITE DOS “CAPITÃES DA AREIA”

A cidade dormiu cedo.
A lua ilumina o céu, vem a voz de um negro do mar  em frente.                                                
Canta a amargura da sua vida desde que a amada se foi.
No trapiche as crianças já dormem.

A paz da noite envolve os esposos.
O amor é sempre doce e bom, mesmo quando a morte está próxima.
Os corpos não se balançam mais no ritmo do amor.
Mas no coração dos dois meninos não há nenhum medo.
Somente paz, a paz da noite da Bahia.

Então a luz da lua se estendeu sobre todos,
as estrelas brilharam ainda mais no céu,
o mar ficou de todo manso
(talvez que Iemanjá tivesse vindo também a ouvir música)
e a cidade era como que um grande carrossel
onde giravam em invisíveis cavalos os Capitães da Areia.

Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos,
soltando palavrões e fumando pontas de cigarro,
eram, em verdade, os donos da cidade,
os que a conheciam totalmente,
os que totalmente a amavam,
os seus poetas.           

                                             (Jorge Amado).

Referencias Bibliograficas

www.paralerepensar.com.br
www.netsaber.com.br
www.blogger.com
www.releituras.com
Amado, Jorge, 1912- Capitães da areia; romance; ilustrações de Poty - 103ª ed.- Rio de Janeiro: Record 2001.

domingo, 27 de setembro de 2009

Agradecimentos

Queremos agradecer à Professora Irana Costa, por ter trilhado um papel importante na nossa formação como bons cidadãos e incentivar à nós leigos o hábito de uma boa leitura  que nos proporcionam deliciosas sensações de viajar nos personagens, culturas e entre outras coisas existentes em cada livro.
E a todos os leitores que através do nosso trabalho tiveram a oportunidade de obter os mesmos conhecimentos e experiências vividas por nós, apresentando seus comentários relacionados ao desenvolvimento do nosso trabalho.

Equipe


Jéssica Ferreira Barbosa;
Layse de Araújo;
Vanderpaula dos Santos;
Juliana Almeida;
Sebastiana de Castro;
Jackson Moreira.


Email da equipe: turma6colegiomodelo@hotmail.com